Acordo insatisfatório <br>no Haiti
A formação de um governo de transição com mandato para organizar eleições a 24 de Abril e a indicação pelo poder legislativo de um presidente da República provisório não satisfaz a oposição haitiana. Esta apela ao povo para que se mantenha mobilizado em defesa da passagem do poder para o máximo órgão judicial do país, pela investigação cabal da fraude eleitoral que, acusa, foi cometida na primeira volta das presidenciais de 25 de Outubro, assim como pela responsabilização dos seus autores e mandantes.
O acordo alcançado no sábado, 6, entre o governo e o parlamento do Haiti, continua igualmente a merecer a rejeição de parte significativa da população. Durante o passado fim-de-semana e já esta segunda-feira, 8, milhares de haitianos prosseguiram as manifestações nas ruas da capital Port-au-Prince. Entre celebrações pela saída do presidente Michel Martlly, cujo mandato terminou domingo, 7, sem passagem de testemunho, sobressai a ampla recusa da solução encontrada e a reclamação da realização de um novo sufrágio, desta feita transparente.
No domingo, as movimentações de massas foram igualmente aproveitadas para celebrar os 30 anos do derrube da ditadura, então liderada por Jean-Claude Duvalier. Conhecido como «Baby Doc», Jean-Claude Duvalier sucedeu ao seu pai, François Duvalier ou «Papa Doc», que instaurou um regime criminoso responsável pelo assassinato e tortura de milhares de pessoas, a esmagadora maioria das quais às mãos da milícia do ditador, os tonton-macoutes (bichos-papões).